sexta-feira, 26 de fevereiro de 2016

Alta do dólar faz Banco Central terminar 2015 com lucro recorde

O BC (Banco Central) encerrou o ano passado com lucro recorde de R$ 76,7 bilhões, segundo balanço da instituição financeira aprovado nesta quinta-feira (25) pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). O valor representa mais que o dobro do maior lucro registrado até agora, de R$ 31,9 bilhões em 2013.
No primeiro semestre do ano passado, o BC lucrou R$ 35,2 bilhões. No segundo semestre, o resultado positivo somou R$ 41,5 bilhões, beneficiado principalmente pela valorização de ativos em moeda estrangeira.
Além do lucro contábil, o BC ganhou R$ 157,3 bilhões com as operações cambiais (administração das reservas internacionais e operações de swap cambial), cujo resultado é divulgado separadamente do lucro da instituição.
Os ganhos com as operações cambiais também são o melhor resultado da história, superando o recorde registrado em 2008, quando o BC tinha lucrado R$ 126,6 bilhões com as intervenções no mercado futuro de dólares e com o rendimento das reservas externas.
No primeiro semestre, o BC ganhou R$ 46,4 bilhões com a equalização cambial. No segundo semestre, o ganho chegou a R$ 110,9 bilhões. O lucro com as operações cambiais no segundo semestre decorreu da alta do dólar, que subiu de R$ 2,65 em janeiro para R$ 3,94 em dezembro. A moeda norte-americana mais cara aumenta o valor das reservas internacionais em reais.
Nos próximos dez dias, o BC repassará ao Tesouro Nacional R$ 152,4 bilhões. O montante equivale ao lucro operacional de R$ 41,5 bilhões no segundo semestre e ao lucro de R$ 110,9 bilhões com a equalização cambial no mesmo período. Por lei, o dinheiro só pode ser usado para amortizar a dívida pública, não podendo ser gasto em despesas federais.


sexta-feira, 19 de fevereiro de 2016

Banco Central mede queda de 4,1% na atividade do País

A economia brasileira fechou o ano passado com retração de 4,1%, de acordo com o Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), divulgado ontem. Esse é o pior resultado da série estatística do BC, que começa em 2003. 
O número está próximo das projeções para o Produto Interno Bruto (PIB) feitas por grandes bancos como Itaú Unibanco e Bradesco (-3,9%) e pelas cerca de 100 instituições ouvidas na pesquisa Focus do BC (-3,8%). Embora não possa ser considerado como uma prévia do PIB, que será divulgado no dia 3 de março pelo IBGE, o indicador do BC costuma apontar a tendência da atividade econômica. 
O dado acumulado em 12 meses, por exemplo, mostra que a economia começou a desacelerar no início de 2014 e terminou aquele ano encolhendo. Em 2015, chegou a recessão, que se aprofundou no final do ano, deixando dúvidas sobre a possibilidade de o País ter ou não chegado ao fundo do poço. Em dezembro, o IBC-Br teve queda de 0,52% em relação ao mês anterior, décimo mês seguido de retração. 
Pelos cálculos do BC, o nível de atividade retrocedeu ao patamar de janeiro de 2011, primeiro ano do governo Dilma Rousseff. Os dados do BC confirmam o cenário de recessão vivido em praticamente todos os setores da economia.
Horizonte nublado
As projeções do mercado apontam para a continuidade da recessão em 2016. O País voltaria a crescer, segundo essas previsões, em 2017. 
“As perspectivas para 2016 continuam com viés negativo. Não há sinais evidentes de reversão da recessão atual”, diz o economista-chefe do Banco Fator, José Francisco de Lima Gonçalves.
O indicador de atividade do Itaú Unibanco mostrou retração de 3,5% em 2015 e também mostra tendência declinante. A instituição estima nova queda em janeiro, com base em indicadores já divulgados, como produção de veículos e movimento de transporte nas estradas. (Folhapress)

quinta-feira, 4 de fevereiro de 2016

Cunha é intimado pelo BC a explicar dinheiro em contas no exterior

O Banco Central intimou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), a prestar esclarecimentos até o fim desse mês sobre contas no exterior ligadas ao peemedebista. O processo pode resultar em cobrança de multa pelos valores mantidos fora do país e não declarados ao BC nem à Receita Federal.
A investigação do Banco Central é relativa apenas às contas na Suíca reveladas no ano passado atribuídas a Cunha e que já são alvo de inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo a análise feita pelos técnicos do BC, que já está em poder dos investigadores do Ministério Público Federal (MPF), há indícios de que Cunha manteve milhões de dólares no exterior, sem declarar, por pelo menos sete anos, entre 2007 e 2013.
Os advogados de Eduardo Cunha disseram que já foram notificados e que irão apresentar a defesa do deputado em breve.
Em entrevista ao G1 e à TV Globo, em novembro do ano passado, Cunha reafirmou que não tem contas bancárias nem é proprietário, acionista ou cotista de empresas no exterior.
Cunha admite, porém, ser "usufrutuário" de ativos mantidos na Suíça e não declarados à Receita Federal e ao Banco Central porque, segundo afirmou, são recursos que obteve no exterior, mantidos em contas das quais não é mais o titular.
O saldo nas contas atribuídas à Cunha variou ao longo do tempo. Em 31 de dezembro de 2007, por exemplo, ele tinha US$ 4,2 milhões nas contas. Em 2008, US$ 2,5 milhões. Em 2009, o saldo era de US$ 4,3 milhões. Já em 2013, último ano analisado, as contas tinham saldo de US$ 3,1 milhões.
A esposa de Cunha, a jornalista Claudia Cruz, também terá de explicar porque manteve no exterior, sem declarar, durante pelo menos seis anos, valores entre US$ 130 mil e US$ 330 mil, e também pode ter de pagar multa.
Em ofício encaminhado em dezembro ao procurador-geral da República, Rodrigo Janot, o BC diz ver indícios de evasão de divisas. A legislação prevê que todo brasileiro que tenha um saldo bancário acima de US$ 100 mil no exterior, tem que declará-lo ao Banco Central. 
Como se trata de uma investigação no âmbito administrativo, caso o BC conclua que Eduardo Cunha deixou mesmo de declarar dinheiro mantido no exterior, ele pode ter de pagar multa de R$ 125 mil para cada ano-base analisado. Procurado, o Banco Central não se manifestou sobre o assunto.