Copom baixa juros para 10,5% ao ano na quarta redução consecutiva (Postado por Erick Oliveira)
Trata-se da quarta reunião consecutiva de redução dos juros, que caíram ao menor nível desde junho de 2010 (10,25% ao ano). Com a decisão, a autoridade monetária confirmou a expectativa do mercado financeiro e "devolveu" todo aumento de juros efetuado desde o início do governo Dilma Rousseff - visto que os juros começaram o ano passado em 10,75% ao ano.
Sistema de metas de inflação e previsões
Pelo sistema de metas de inflação, que vigora no Brasil, o BC tem de calibrar os juros para atingir as metas pré-estabelecidas, tendo por base o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Para 2012 e 2013, a meta central de inflação é de 4,5%, com um intervalo de tolerância de dois pontos percentuais para cima ou para baixo. Deste modo, o IPCA pode ficar entre 2,5% e 6,5% sem que a meta seja formalmente descumprida.
Para este ano e para 2013, a estimativa do mercado financeiro para o IPCA é de 5,3% e de 5%, ou seja, ainda acima da meta central de inflação. O próprio BC ainda prevê inflação acima da meta central em 2012 e 2013.
Em dezembro, no último relatório de inflação, a autoridade monetária estimou um IPCA de 4,7% para este ano e para o próximo no "cenário de referência" (juros e câmbio estáveis). Com cenário de queda dos juros esperado pelo mecado financeiro, a previsão ficou em 4,7% para este ano em em 5,2% para 2013.
Explicação
Ao fim do encontro, o BC divulgou a seguinte explicação para a decisão do Copom: "Dando seguimento ao processo de ajuste das condições monetárias, o Copom decidiu, por unanimidade, reduzir a taxa Selic para 10,50% ao ano, sem viés. O Copom entende que, ao tempestivamente mitigar os efeitos vindos de um ambiente global mais restritivo, um ajuste moderado no nível da taxa básica é consistente com o cenário de convergência da inflação para a meta em 2012".
Crise financeira e recuperação
A nova redução dos juros por parte do Banco Central foi tomada em meio à crise financeira internacional, que começou em setembro de 2009, mas que voltou a piorar em meados do ano passado - com o rebaixamento da dívida dos Estados Unidos pela agência de classificação de risco Standard & Poors.
Para o BC, a "transmissão" do cenário de crise externa para a economia brasileira pode acontecer por meio da redução do volume de comércio e do menor aporte de investimentos, além de restrições ao crédito e da "piora" no sentimento de consumidores e empresários. A crise também deve gerar, segundo analistas, redução dos preços dos alimentos - contribuindo para moderar as pressões inflacionárias.
Para o economista da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Flavio Castelo Branco, a recuperação do nível de atividade, identificada pelo IBC-Br do BC de novembro, e pelos indicadores industriais, que poderia pressionar a inflação, ainda não preocupa.
"Há indícios de que um período de maior dificuldade tenha sido vencido. Houve uma retomada. Tivemos um indício. Os indicadores de novembro foram novamente mais favoráveis, e podem estar refletindo que o período de maior dificuldade tenha passado. Mas a expectativa é de uma reuperação gradual da atividade. A única fonte de pressão inflacionária é o aumento do salário mínimo, mas não vejo empecilho para a queda dos juros neste momento", disse o economista da indústria.
Comportamento previsto para os juros no futuro
A previsão do mercado financeiro é que a taxa de juros, fixada pelo Banco Central, continue recuando nos próximos meses. A estimativa é de que os juros básicos caiam para 10% ao ano em março e para 9,5% ao ano em abril deste ano - patamar no qual, ainda segundo previsão dos economistas dos bancos, fechariam o ano de 2012. Entretanto, a previsão dos analistas do mercado financeiro é de novos aumentos de juros a partir do começo de 2013 - finalizando o próximo ano em 10,25% ao ano.
Juros reais mais altos do mundo
Levantamento do economista Jason Vieira, da corretora Cruzeiro do Sul, em parceria com Thiago Davino, analista de mercado da Weisul Agrícola, mostra que os juros reais brasileiros (após o abatimento da inflação prevista para os próximos doze meses) permanecem no patamar mais alto do mundo - apesar dos quatro cortes consecutivos na taxa básica nos últimos meses.
Em 10,50% ao ano, a taxa real de juros (após o abatimento da inflação) do Brasil ficou em cerca de 4,9% ao ano, bem acima do segundo colocado (Hungria, com 2,8% ao ano). A taxa média de juros de 40 países pesquisados está negativa em 0,9% ao ano.
0 Comentários:
Postar um comentário
Assinar Postar comentários [Atom]
<< Página inicial