sábado, 6 de novembro de 2010

Dilma deve resistir a pressões para nomear presidente do BC

Publicada em 06/11/2010 às 18h03m
O Globo
 
BRASÍLIA - Pessoas próximas a Dilma Rousseff identificaram uma pressão para que ela ponha na presidência do Banco Central um nome em sintonia com o mercado, já que Henrique Meirelles não deve ficar no cargo. Mas a presidente eleita não está disposta a ceder às pressões. Para a condução da política monetária, deseja uma pessoa em harmonia com o que pensa, alguém com capacidade de ousar. Os nomes serão discutidos com o presidente Lula na viagem para a Coreia do Sul, esta semana.
Apesar de na campanha ter defendido publicamente a condução da política monetária, Dilma tem dito internamente que o país já tem condições de baixar a taxa de juros Selic. Ela sinalizou publicamente, como referência, a taxa de juros real de 2% para situar o Brasil no patamar das taxas internacionais. Hoje o juro real está entre 5% e 6% - e a taxa Selic, em 10,75% ao ano.
(Leia também: Escolha de Dilma para o BC será estratégica e sinalizará política cambial )
Pela visão da presidente eleita, o maior crescimento econômico ajuda a reduzir a dívida pública - o que leva a um quadro de maior estabilidade que permitirá ao Brasil reduzir, cada vez mais, a taxa de juros.
Para evitar especulações do mercado, Dilma reafirmou em seu discurso de domingo o compromisso com "a estabilidade da economia e das regras econômicas, dos contratos firmados e das conquistas estabelecidas". Ela também assumiu um compromisso pela melhoria do gasto público ao dizer que o "povo brasileiro não aceita mais a inflação como solução irresponsável para eventuais desequilíbrios".
Opção por uma linha mais desenvolvimentistaSegundo um coordenador da equipe, o discurso foi uma espécie de vacina para que Dilma tenha mais liberdade para impor, de forma gradual, sua política econômica. De linha desenvolvimentista, Dilma sinalizou que vai manter as contas equilibradas para não ter que nomear "fiscalistas" na equipe.
Na campanha, Dilma teve que se equilibrar ao abordar temas econômicos. Crítica interna do conservadorismo da política monetária de Meirelles, e expoente do grupo de desenvolvimentistas nos sete anos em que foi ministra de Lula, teve postura pragmática na campanha. Tudo para tranquilizar e dar segurança a analistas e investidores.
Dilma passou a colar sua imagem à de Meirelles e à do ex-ministro da Fazenda Antonio Palocci, fiador da estabilidade econômica no início do governo Lula. A estratégia tinha o objetivo de evitar especulações sobre um eventual risco Dilma, principalmente após o programa petista, apresentado em fevereiro, ter adotado linha mais à esquerda, com defesa do Estado forte.
Foi dentro dessa estratégia que ela viajou em maio a Nova York, onde participou de jantar em homenagem a Meirelles. Na viagem aos EUA, ela se encontrou com banqueiros e investidores para garantir que não haveria mudanças nos rumos da economia com sua eleição. Agora, os compromissos com a estabilidade estão mantidos. Mas com um viés desenvolvimentista.

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